terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Só colocamos a tranca quando o ladrão entra


Recordo-me quando era criança, quando morava em Rancharia, uma cidade pequena do interior de São Paulo, e naquela época, meu modo de condução era uma bicicleta preta, a qual utiliza pra anda pra cima e para baixo pela cidade.
Naquela época quando chegava em algum lugar, colocava o pedal da bicicleta no meio fio da calçada para dar apoio a bicicleta, e lá deixava ela, sem nenhum cadeado ou tranco, e nem mesmo nenhuma preocupação com alguém que pudesse levar a minha companheira de condução.
Certa vez, deixei a minha bicicleta na frente de casa depois da escola, e por lá ela ficou até o final da tarde, quando minha mãe chegou em casa e notou a bicicleta lá na frente, e entrando dentro de casa me disse: - depois que o ladrão entra a gente coloca a tranca.
Depois da frase corri lá fora e guardei a bicicleta. Sei que são épocas diferentes, até converso com muito saudosismo com os amigos sobre essa atitude, mas quantos amigos não perderam suas bicicletas por falta de “precaução e prevenção”.
A frase da minha mãe, que por sinal é um provérbio português, originalmente dito: - “depois do ladrão coloca-se a tranca”, me veio a cabeça, com o episodio da Boate Kiss de Santa Maria - RS.
Quando ouvi e li as primeiras notícias sobre a tragédia a primeira coisa que me veio à cabeça foi a frase dita pela minha mãe, isso muito menos antes de saber de todos os incidentes que ocorreram na casa noturna.
Tal frase me veio a cabeça porque não estamos preparados a lidar com problemas como incêndios, evacuações organizadas e catástrofes de qualquer tipo.
É comum vermos em filmes ou nos noticiários internacionais, o costume de alguns países em educar suas crianças, ou até mesmos adultos, com casos inusitados como incêndios, terremotos e principalmente evacuação em massa.
Esses países agem na raiz do problema, educando as pessoas, ou pelo menos dando um norte de como agir em determinadas situações, agindo assim com “precaução e prevenção”.
Ficou evidente, depois das apurações dos fatos, que no caso do incidente na boate de Santa Maria, esses dois itens, precaução e prevenção, não foram as principais preocupações dos responsáveis envolvidos no incidente.
Infelizmente no Brasil, como é o caso da minha bicicleta, não temos o hábito de agir com prevenção e precaução, preferimos agir depois que o ladrão entra. É assim em várias ramos, como o caso da atriz Daniella Perez que gerou a Lei dos crimes hediondos, bem como recentemente o caso da atriz Carolina Dieckmann que gerou a Lei dos crimes virtuais, dentre muitos outros casos, onde o ladrão entrou e depois colocou-se a tranca.
Certamente com o incidente de Santa Maria, muitas regras e normas serão criadas, tudo no bom sentido da precaução e prevenção, quem sabe não passemos a educar nossas crianças e adultos a agirem em determinada situações.
Porém quando teremos o hábito de colocar a tranca antes do ladrão entrar?