Você já deve
ter assistido algum filme ou seriado norte americano em que o personagem
principal ou até mesmo o coadjuvante exerce a profissão de escritor ou deseja exercer.
Não é difícil ver filmes americanos em que o personagem deseja ser escritor ou
enche a boca pra dizer que exerce a profissão de escritor, isso com muito orgulho
da mesma.
Para nós
brasileiros tal assertiva de dizer que: - quero ser escritor - soa até mesmo
como piada ou estado de loucura. Se você perguntar para um jovem que está
prestes a fazer vestibular qual profissão escolheria, você pode até ouvir
médico, advogado, engenheiro, arquiteto, mas dificilmente ouvirá a profissão
escritor.
Sempre tive a
curiosidade de saber o porquê desta diferença entre nossas culturas Brasil -
EUA. Antes de qualquer pesquisa, através de uma analogia simples, constatei que
a leitura é o primeiro grande diferencial.
Segundo
pesquisa da “NOP World Culture Score
Index” com os países desenvolvidos e em desenvolvimento (http://gizmodo.uol.com.br/mapa-horas-de-leitura/)
os nortes americanos ocupam bem mais o tempo semanal com a leitura do que os brasileiros.
Outro fator é
o tempo de utilização da internet no qual os brasileiros vêem liderando o
ranking mundial. Na mesma pesquisa da “NOP
World Culture Score”, os Brasileiros ocupam 5,2 horas da semana com leitura
(27º coloco no ranking) e 10,5 horas com a internet (9ª colocado no ranking).
Com a televisão o consumo é de 20 horas semanais (pesquisa da Motorola
Mobility) sendo o 6º no ranking mundial.
Porém no
aspecto televisão ainda perdemos para os Nortes Americanos que ocupam o
primeiro lugar no ranking com 23 horas semanais na frente da televisão.
Outra grande
diferença está na valorização do profissional da educação – “O Professor”. Esse
é responsável pelo estimulo a leitura seja literatura, de pesquisa, ou
educacional, porém como qualificar bons profissionais se o investimento é tão
pouco para eles. Enquanto nos Estados Unidos o professor recebe uma média anual
de US$ 44.917 no Brasil esse valor chega a apenas US$ 18.550, enquanto que na
rede pública os professores brasileiros ganham uma média anual de US$ 8.000
(US$ 666,66 mensais – adaptando para nossa cultura financeira).
Os professores
brasileiros ocupam boa parte de seu tempo em sala de aula, para poder ganhar
mais dinheiro pela hora aula e muito pouco tempo com a qualificação e
aperfeiçoamento. E não falamos apenas no professor do ensino básico ou médio,
mas também do ensino universitário.
O numero de
mestres e doutores é cada vez menor no Brasil, não existem políticas eficazes para
os pesquisadores e assim a qualidade do ensino seja universitário ou de nível básico
e médio tende a cair.
Porém talvez
o principal fator desestimulante para a profissão de escritor no Brasil seja a
remuneração. Escrever no Brasil não traz dinheiro e é caro. Segundo Vanessa
Barbara em um texto pelo “The
International New York Times” (http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/the-international-new-york-times/2013/12/17/ser-escritor-e-a-profissao-mais-patetica-do-brasil.htm)
ser escritor é a profissão mais patética do Brasil. Segundo Vanessa no Brasil
em uma tiragem de 3.000 livros, com a venda no valor de US$ 15 onde os autores
(escritor) recebe cerca de 5% dos royalties, o escritor ganhara cerca de US$
0,75 por cópia, tendo o valor de US$ 2.250 por um trabalho às vezes de anos.
Ela critica que teria se saído melhor se vendesse o seu corpo para a ciência.
Logicamente
as chances de se ganhar dinheiro nos Estados Unidos como escritor são bem
melhores, seja porque lá eles lêem muito mais, possuem maior renda para compra
de livros e os fazem, combatem a pirataria com mais veemência, possuem livros
com grande público os quais viram “Best Sellers”
e até mesmo vão parar nos cinemas, além de que o inglês é a língua mais
escrita, lida e falada no mundo.
Conduto não necessariamente
esses fatores influenciam na leitura de um País. Portugal pais da nossa língua pátria,
com extensão territorial menor que o Brasil, por exemplo, trata muito melhor
seus escritores e ainda apreciam melhor os nossos do que nos mesmos.
O último
resultado da redação das provas do Enem de 2014 acende uma luz vermelha no
Brasil no quesito leitura e educação. Se não mudarmos de postura com urgência
teremos cada vez menos interessados pela leitura e muito menos interesse por
escrever ou pela profissão de escritor.
Que possamos
salvar nossa língua portuguesa com urgência com bons e novos escritores, além
de melhores e interessados leitores.
Obs. Se você
chegou até aqui é porque assim como eu gosta de ler, porém com certeza muitos
pararam na metade ou farão a chamada leitura dinâmica (passada de olho).