O Piano e eu
Diz minha mãe
que quando era pequeno, entre os meus quatro e cinco anos de idade, ao escutar
o som do Piano ficava admirado, e falava pra ela que queria aprender a tocar
piano.
Lembro que meu
pai tinha umas fitas K7 do Richard Clayderman (pianista francês) e adorava
ficar ouvindo aquelas músicas.
Segundo minha
mãe eu vivia pedindo um piano de presente, até que ganhei um piano de
brinquedo. Ele era de madeira clara, tinha entre três a quatro oitavas (notas
que compõe o piano) e dentro continha uns ferros que produziam as notas
musicais.
(Foto – parecido com meu piano)
Na época em
que ganhei o piano, passava um desenho na televisão, muito conhecido, chamado Snoop.
No desenho existia um personagem que se chamava “Schroeder”, ele tocava sempre
seu piano solitário. As vezes sobre o piano existia uma estatua do Beethoven e
as vezes uma menina que chamava “Lucy” ficava admirando ele tocar.
Eu gostava daquele
personagem, admira o som do piano dele, e queria de certo modo ser igual a ele.
(Foto – Schroeder e Snoop)
Eu sentava no
meu piano de brinquedo e colocava as fitas k7 do Richard Clayderman e ficava
tirando de ouvido as músicas. Não era nenhuma perfeição, mas chegava próximo a
tom musical.
Isso chamou a
atenção dos meus pais, só que como tinha seis anos de idade, ainda não sabia
ler e escrever, não poderia aprender música. Então minha mãe procurou uma
professora de piano que topasse a ideia de ensinar uma criança ainda iletrada.
Uma professora
(minha primeira professora) chamada Josiane comprou a ideia de ensinar música,
porque ela tinha um método de ensino diferente.
O método era
assimilar as notas musicais com imagens, e colocando as notas na pauta e com a
ajuda de imagens eu ia assimilando a notas.
Era mais ou
menos assim, as notas do era a imagem de um doce (bombom), o ré era uma régua, o
mi um gato (de miau – som do gato), o fá uma faca, o sol o próprio sol, o lá
uma laranja e o si um sino.
(Foto – método de estudo)
Desta forma a
música entrou em minha vida, tomou minha corrente sanguínea e nunca mais me
abandonou.
Depois da
Josiane, passaram as professoras Dona Janini e a última a Cássia, está ultima
quem me evoluiu nos estudos de música e piano.
Dos meus seis
aos quinze anos de idade participava sempre das audições de final de ano,
tocando sozinho, ou em quatro mãos com amigos e amigas e com minha irmã.
Era gostoso se
apresentar para as pessoas, tinha um friozinho na barriga, mas eram
gratificantes os aplausos ao final.
Quando me
sentava ao piano, me sentia num mundo único, um mundo só meu, o mundo da
música, esquecia de tudo que estava ao meu redor, me sentia realizado e feliz
em poder tocar aquele instrumento.
Já mais velho
ganhei um teclado dos meus pais, foi um dos melhores presentes que já ganhei.
Ele passou a me ajudar nos estudo e também a passar a tocar outros tipos de música,
inclusive a pensar em tocar em uma banda.
Recordo-me de
alguns natais em família, que tocava algumas musicas para meus familiares.
Mas quis o
destino me afastar da música, ou me mostrar outros prazeres e caminhos a ser percorridos
em relação a ela.
Quando mudei
de cidade parei os estudos, meu teclado passou a ser um hobby cada vez mais
distante, ficando ali num canto guardado, empoeirado.
Outro
instrumento entrou na minha vida, o violão, me ensinando uma nova maneira de
ver a música. O contato com o violão veio dos novos amigos, das rodas de música
em volta do violão.
O violão
passou a ser grande fonte de inspiração e de desejo. Aquele simples gesto de
tocar em uma roda de amigos me fazia sentir realizado, como nas audições de
final de ano do piano.
Me arrisquei
até na composição de músicas, e depois acabei me arriscando na guitarra devido
ao violão. Tocava músicas de bandas favoritas e outras nem tanto, mas tudo pra
estar ali numa roda de violão.
O estudo do
violão foi autodidata, uma vez que já tinha conhecimento da música por causa do
piano, ai então só foi adaptar e conhecer o violão e guitarra.
Porém um dia
troquei meu teclado por um outro de melhor qualidade, e de novo a música e o
som do piano passaram a pulsar nas minhas veias. Voltei sozinho aos estudos do
teclado e cheguei a me arriscar com alguns amigos numa tentativa de montar uma
banda.
Quis o destino
que me reencontra-se novamente com o piano. Na época da escola do segundo grau,
surgiu para nossa turma uma oportunidade de associar estudos ao teatro, numa
interpretação da Semana da Arte Moderna (Semana de 22).
Na ocasião
interpretei Vila Lobos, e a escola me proporcionou tocar novamente o piano para
uma plateia. Passei algumas semanas tento aulas uma escola de música e me
preparando para interpretação de Vila Lobos no teatro.
A Peça foi no
Teatro Jorge Amado em Salvador/BA e foi um momento marcante em minha vida, além
do meu personagem ter algumas falas, ainda tocava piano a todos da plateia. Sentia-me
naquele mundo de novo, feliz em poder toca o piano para tanta gente.
Também foi
minha ultima interpretação no Piano.
De lá pra cá,
mudamos de cidade, passamos por dificuldades, vendi meu teclado e guitarra para
pagar a faculdade, só me sobrou o velho e bom violão.
O trabalho
tomou minha vida e a música de mim foi ficando distante, apenas aquela dos rádios
e CDs.
Hoje sinto
falta do meu piano de brinquedo, falta daquele mundo que entrava e esquecia dos
meus problemas, daquele mundo da musica que tanto amo e me faz feliz.
Amo a música, e
que nem diz uma pessoa querida: - essa tal de música pega e não larga mesmo.
“Milhares de pessoas cultivam a música;
poucas porém têm a revelação dessa grande arte” (Ludiwig Beethoven).
“A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem
que a razão não compreende” (Arthur Schopenhauer).
"Quis escrever músicas que fizessem as pessoas
sentirem-se bem. Música que ajuda e cura, porque eu acredito que a música é a
voz de Deus." (Brian Wilson).
"Eu nasci com a música dentro de mim.
Ela me era tão necessária quanto a comida ou a água." (Ray Charles)