terça-feira, 6 de agosto de 2013

Embriaga-te (Baudelaire)


Dizem que não devemos guardar muitas coisas, porém sempre guardo coisas de momentos inesquecíveis.
Revendo minhas recordações do passado, achei uma carta de um grande mestre e professor de redação do colegial que tive em Salvador/BA, chamado Léo Mendes.
Léo foi um grande mestre, nos preparando para os prazeres e dissabores da vida.
Uma pessoa especial, um grande amigo e companheiro, que deixou sua marca em minha vida e de muitos amigos de escola (Colégio Persona) no período de 1997 a 1998.
Mas sua marca não ficou só no campo dos estudos, mas se estendeu no campo da vida, como um grande companheiro, amigo e irmão que a tudo tinha uma lição ou uma história a ensinar.
Com sábias palavras enchia nossas vidas com ensinamentos e lições de vida.
No meio do ano de 1998, pra ser mais preciso no dia 07/05/98 ele me entregou uma carta, onde continha o poema do escritor e poeta francês Baudelaire, o qual com muita alegria transcrevo abaixo.
O poema nos relata que devemos nos embriagar sempre de vinho, de poesia ou de virtude.
Na verdade hoje entendo que devemos nos embriagar com a vida, com tudo que ela nos tem de melhor a oferecer, e, me lembro o quanto me embriaguei de amizades sinceras e maravilhosas neste mesmo período de escola.


EMBRIAGA-TE (Baudelaire)

Deve-se estar sempre bêbado. É a única questão.
A fim de não se sentir o fardo horrível do tempo,
que parte tuas espáduas e te dobra sobre a terra.

É preciso te embriagares sem trégua.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude?
A teu gosto, mas embriaga-te.

E se alguma vez sobre os degraus de um palácio,
sobre a verde relva de uma vala,
na sombria solidão de teu quarto,
tu te encontrares com a embriaguez já minorada ou finda,

peça ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio,
a tudo aquilo que gira, a tudo aquilo que voa,
a tudo aquilo que canta, a tudo aquilo que fala, a tudo aquilo que geme.

Pergunte que horas são. E o vento, a vaga, a estrela, o pássaro,
o relógio, te responderão.
É hora de se embriagar!!!

Para não ser como os escravos martirizados pelo tempo, embriaga-te.
Embriaga-te sem cessar.
De vinho, de poesia ou de virtude.
A teu gosto.