quarta-feira, 16 de novembro de 2016

MEU CACHORRO E O AMOR



MEU CACHORRO E O AMOR

Você já deve ter ouvido aquela frase: - “Existem várias formas para o amor”.
Eu sempre filosofei sobre essa frase. Sobre o amor entre duas pessoas, sobre o amor dos pais para com seus filhos, dos filhos para com seus pais, o amor entre familiares, do amor entre amigos, e, de nos para com os animais. No meu caso meu amor pelos cachorros.
Acho que a conclusão do ciclo deste aprendizado de amor chegou ao fim, ou talvez seja ao um grau superior de amor.
Pra falar desse amor com os animais, em especial por um cachorro, preciso contar a história do meu cachorro Sleep.
O Sleep nasceu em 21/11/2004 de uma das varias crias da sua mãe a cadela Funny, ambos de uma raça chamada indefidus latorius (vira lata ou raça indefinida), como meu falecido avô materno costumava dizer. Na época queria muito um cachorro, pois eu e minha família tinhamos acabado de mudar para uma casa própria.
A vontade se juntou com a ocasião e uma pessoa muito especial me deu ele. Não só deu, mas como também deu o nome a ele: - “SLEEP”. Segundo ela porque ele era o mais dorminhoco dos filhotes.

Ele passou a ser a atenção da casa, ganhou dois potinhos, uma casinha de madeira e uma bolinha. Era levado que só que ele. Pegava os chinelos de todos de casa e destroçava. Nada podia ficar ao seu alcance. Com o tempo fui educando ele. Ensinei-o a dar a pata, sentar e deitar. Tá certo que tudo isso ele fazia por um bom petisco, mas fazia com muito agrado.
O tempo foi passando e o Sleep crescendo, as artes foram diminuindo e ele se tornou o dono da casa – “literalmente”. Ele passou a ser um cachorro antissocial (rs) como meus amigos diziam.
Todos que chegavam em casa ele precisava mostrar com latidos que era o dono do pedaço. Era necessário ele dar uma verificada, um cheiro aqui e outro ali, estava liberado a entrada. Mas mesmo assim ficava ali ranzinza no seu cantinho. E ai daquele que quisesse fazer um carinho nele. Logo ele mostrava seus dentes, com um ar nada amistoso, mostrando quem era o dono do pedaço. Mas se tivesse um bom pedaço de carne, logo ele fazia amizade, mas nada de carinhos (rs).
Foram poucos os amigos e familiares que ganharam a confiança do Sleep, conseguindo acariciar nem que seja sua cabeça ou atrás da orelha. Ele gostava mesmo que coçasse suas costas ou a barriga.
Mas ele era assim mesmo, podia estar ranzinza, mas sua bolinha estava sempre ali, para que alguém a jogasse e tentasse tomar dele. Pois é! O Sleep não aprendeu a deixar a bolinha ali para a gente jogar, era necessário tomar dele. Acredito que ele se divertia a beça com isso, pois era bem difícil tomar a bolinha dele e ele fazia um charme danado.
Apesar de tudo, o Sleep foi sempre um bom parceiro, nunca negou um carinho e um afago. Estava sempre com o rabinho balançando. E eram três frases que o deixavam feliz de mais. A primeira era dizer: - vamos papar?; a segunda: - vamos passear?; a terceira era: - cadê a bolinha?
Impressionante como decorei todos seus latidos. Sabia quando tinha um gato no muro, quando tinha gente na frente de casa ou quando ele latia com o nada mesmo.
Por muitas vezes chegava em casa e sentava na varanda, e como se ele entendesse o que eu dizia, falava da minha vida, das minhas alegrias, dores e amores. E ele sempre ali, me ouvindo atentamente, às vezes sentia que olhava nos meus olhos como se quisesse dizer algo pra mim, dar um conselho, ou até mesmo dizer: - para meu! Não entendo nada!
Mas o tempo passou, o Sleep foi envelhecendo, a bolinha ele não buscava mais, seus latidos passaram a ser mais leves e menores, seu andar mais cansado, ficou mais amistoso com todos, até que a doença o pegou de vez. Começou a ficar mais magro, quase já não levantava, quase já não latia, quase não comia.
Então passei a entender o real significado do amor do homem para seu animal de estimação. Eu já atendia esse amor na convivência com ele, de tudo que contei a vocês. Porém, entender que essa presença física desse amor chegava-se ao fim, fazia meu amor ainda maior por ele. Queria eu ter poderes divinos para que a presença física do Sleep perdurasse na minha vida.
Mas como se diz: - “tudo na vida tem seus significados e lições para aquele que quer aprender”.
Assim tive que tomar uma das decisões mais difíceis da minha vida, ao ver meu parceiro de anos se definhando com sua doença, sentindo na minha própria pele sua dor e sofrimento, tive que dar meus adeus, ou, meu até breve para o Sleep, entendendo assim o verdadeiro amor que existiu entre eu e ele, entre ele e eu!
Como diz minha mãe: - “São Francisco o acolherá!


Em memória do meu parceiro Sleep – 21/11/2004 a 16/11/20016

- Cadê a bolinha?