Tenho
apenas sete anos de exercício na advocacia, mas meu contato com a Ordem dos Advogados
do Brasil começou bem antes do exercício da profissão, através do meu estágio
no Núcleo de Prática e Assistência Jurídica da Unigran em Dourados/MS
Vivenciei
três gestões da Seccional de Mato Grosso do Sul contando com a atual, porém
apenas exerci meu voto por duas vezes.
Sendo
que na última eleição participei do pleito como candidato a vice presidência da
Subseção de Dourados/MS.
Desde
meu primeiro contato com a OAB/MS, lá como estagiário, vivenciei a eleição da
gestão 2006/2009. Já como estagiário e formando da turma de 2006, já eremos
convidados a participar dos pleitos eleitorais, sendo reuniões, adesivagens de
carros e no próprio dia de eleição.
Como acadêmico
de Direito estudei nas aulas de Ciências Políticas o que era a verdadeira
democracia, como esta deveria funcionar e como ela não funciona corretamente em
nosso país. E aprendi, que como operadores do Direito, deveríamos ser os
maiores defensores da democracia e de seus princípios.
Porém
vivenciei nas eleições de 2006 tudo ao contrário do que havia aprendido na Faculdade.
Os
candidatos se degladiavam em ofensas morais e éticas, havia adesivagem para a
população e não para os advogados (lembrando que trata-se de uma eleição de uma
instituição de classe), e o pior de tudo a famigerada e antiética boca de urna
nas eleições.
Tudo
que como advogados deveríamos dar exemplo a sociedade a respeito da democracia,
aliás trata-se de candidatos com interesses em comum em prol da administração
de algo em comum, fazíamos tudo de errado.
Nem
fazia parte ainda da classe de advogados, mas me envergonhava ver advogados se degladiando
na frente da Subsecção de Dourados/MS em busca de um voto, fazendo a famosa boca
de urna, ingerindo bebida alcoólica e fazendo churrasco na frente da
instituição.
Lembro
de relatos, de hoje colegas, que não gostavam da época de eleição pois tinham
que ir até a Subsecção enfrentar o que muitos apelidavam de “corredor polonês” (designação
dada a fila dupla, formada por policiais, por
onde os prisioneiros deveriam passar, sendo agredidos fisicamente por ambos os
lados).
Já
como advogado vivenciei o presidente da gestão 2006/2009 utilizar-se da OAB/MS
como palanque para seus interesses políticos e pessoais. Nada contra qualquer
membro da OAB/MS sair candidato a cargas públicos, muito pelo contrário,
vivemos em uma democracia e todos nós temos direito de ser candidatos a algo.
Como
advogados nos interessamos pela política limpa, ética e correta, e devemos ter
representantes em especial no poder legislativo.
Porém
utilizar-se do cargo de Presidente da OAB/MS para aparecer na televisão defendendo
a todo instante interesses de terceiros, e não os da sua categoria, apenas no
intuito de ganhar espaço no cenário político, não vejo isso com ética alguma e
não defendo esse tipo de atitude dentro da Instituição.
Até porque
o Presidente da OAB/MS deve zelar em primeiro lugar pelos interesses da “classe”
e depois pela Defesa da Lei e da Democracia no país, nunca seus interesses
pessoais.
Com o
passar do tempo da advocacia, e no real e efetivo exercício desta nobre
profissão, me deparei diversas vezes com a falta de ética de colegas, seja com histórias
de sumiços de dinheiro de clientes, desrespeito a colegas em audiência
(agressões verbais e físicas), captações ilegais de clientes, dentre outras inúmeras
práticas antiéticas.
Porém
o que sempre me indignou foi o “coleguismo” com que a OAB/MS trata seus maus
profissionais. São poucos os relatos de punições a colegas que desrespeitam o
Estatuto do Advogado (Lei 8.906/94), e mancham ainda mais nossa classe.
No
final do ano de 2013 exerci a pedido do Presidente da Subsecção de Dourados/MS
o cargo de advogado dativo e pude presenciar algumas barbáries cometidas por
colegas advogados e outras sem muito fundamento, como casos que poderiam ser
resolvidos com uma simples conversa entre cliente e advogado.
Aliás,
nunca entendi o porquê da OAB nomear um advogado dativo para um colega, sendo
que em termos processuais aquele que é demandado, citado e não se manifesta no
processo sofre os efeitos da revelia (julgamento sem advogado). Porque não ser
igual no processo ético da OAB?
Talvez
porque somos ultrapassados em alguns quesitos, seja nas nossas eleições, seja
no nosso processo ético, seja na regulamentação dos modos e termos da
propaganda, bem como fiscalização de escritórios captadores de clientes, temas
que deveriam ser debatidos por nossos Conselheiros Federais, os quais poucos se
interessam por estes temas ou em regulamenta-los.
Diante
de tudo isso que já vivi, o que por si só, me deixaria desgostoso a tudo que
venha da OAB/MS, presencio talvez a premiação de tudo isso que vem ocorrendo de
errado em nossa instituição, uma briga com direito a socos e empurrões, dentro
do nosso Conselho Estadual.
Pra
piorar a situação de um lado estão os defensores daquele que ajudei a eleger em
2012, e de outro aqueles que defendem ideais éticos que prezo e valorizo.
Ambos
os lados estão errados, pois democracia não se resolve com socos e pontapés, e
nem com desrespeito as vontades de um Conselho superior, mas sim com dialogo e
manifestação da vontade sempre da maioria.
Mas
acima de ambos os lados está a Instituição que prezo e admiro, que é a Ordem
dos Advogados Brasil Seccional Mato Grosso do Sul.
Fico
na esperança de dias melhores, de uma OAB/MS melhor, em que a Instituição esteja
acima de interesses pessoais, e que toda e qualquer gestão seja exercida de
advogados para advogados com respeito à democracia e a ética acima de qualquer
coisa.
OAB/MS
quero te ver melhor...